Amor à Belém

Belém, terra morena, de vários sabores, cheiros e cores. Se você não conhece eu apresento uma terra onde tomar um tacacá as 15h pelando de quente é natural e muito gostoso, principalmente com aquele molho de "pimenta de cheiro". Aqui é terra onde o jeitinho sorridente e hospitaleiro encanta a todos que aqui chegam, onde na sua fala não pode faltar a expressão égua!!! que é a expressão mais pai d'égua que existe, que dependendo da entonação pode representar surpresa, aprovação, desaprovação, susto, admiração e por ai vai...!!! Aqui não somos "...da gema" somos da manga, do carimbó, do cupuaçu, da tapioca, do igarapé, da pupunha, da rede depois do almoço...nossa deu até sono!!!
Aqui é terra onde os mais antigos contam que se você tomar açaí com banana, manga ou qualquer outra fruta você morre ou no mínimo passa mal, que o certo é açaí com um bom peixe frito ou camarão, com muita farinha ou açúcar ou simples, puro sem nada. Você se não for da terra pode achar besteira, mas eu, assim como muitos, prefiro não arriscar e continuar tomando açaí com o acompanhamento certo e logo depois tirando aquele cochilo, porque a realidade é que açaí NÃO da energia, como o resto do país pensa, e sim sono, alias muito sono, que depois de uma boa tigela o "caboclo" paraense merece uma boa e rede e se for na beira do rio com aquela chuvinha então... é o paraíso! Aqui é a terra das chuvas onde o paraense se programa pra sair de casa antes ou depois da dela, porque aqui se não chove todos os dias chove o dia todo.
Somos uma terra de historia secular como a Era da Borracha ou como também é conhecida por Belle Époque, época de luxo e glamour. Nesse período Belém e Manaus chegaram a ser consideradas as cidades brasileiras mais desenvolvidas e umas das mais prósperas do mundo, principalmente Belém, por diversos motivos como sua posição estratégica - que facilitava a navegação -, e seu grande número de residências de seringalistas, casas bancárias e outras importantes instituições. Esses são fatos que muitos podem comprovar que existiram através de fotos, jornais e pelas construções que ainda existem como o magnífico Teatro da Paz que foi inspirado no Teatro Scala, de Milão, o mercado do Ver-o-Peso, a maior feira livre da América Latina, mas há também um outro tipo de historia, aquela que nossos avós ouviam quando eram criança onde não estavam guardadas em livros e sim na mente e no imaginário das pessoas, afinal, quem aqui em Belém nunca ouviu falar do Boto, moço muito bonito vestido todo de branco que ia as festas só para namorar as morenas mais lindas da região e que depois de uma noite de amor sumia deixando a moça grávida, e na hora de justificar a gravidez era só dizer “é filho do Boto” com essa historia você pode imaginar quantas vezes essa desculpa foi dada, e pensar o quanto Boto deve estar devendo de pensão alimentícia por ai...!!!!
É minha gente, Belém é assim colorida como as saias das dançarinas de Carimbó, com muita pra contar e conhecer como praias de rio, a Rua das Mangueiras, o Museu Emílio Goeldi, suas construções históricas, um bom passeio pela floresta, o Círio de Nazaré acompanhado de uma boa maniçoba e muita fé na Nazica, essa é uma das formas como Nossa Senhora de Nazaré pode ser chamada pelos íntimos. Belém tem muita coisa pra conhecer as quais passaria o resto do dia citando.
Esse texto é para quem não conhece Belém? Você pode até achar isso, mas a intenção é apenas mostrar um pedacinho de tudo de bom que tem por aqui e relembrar a você que é pai d’égua, nascido e criado nessa terra abençoada pela Nazinha que Belém nada mais é, que o resultado da sua gente “papa chibé” com seus costumes, tradições e crenças. Se você não conhece venha conhecer porque daqui, no mínimo, você lembrará com muita saudade, porque essa terra é única.

Laura Caroline